Cuidado com o que Cantamos
De Jairo S Freitas -03/06/2010
ANÁLISE DA LETRA DA MÚSICA “DESDE A ANTIGUIDADE – de Fernandinho
Nunca tinha ouvido essa música (e letra) antes até que a ouvi em 02/06/10 e na mesma hora fiquei martelando. Pesquisei na net, vi que é cantada pelo Fernandinho.
Deixando bem claro que a crítica é unica e exclusivamente quanto a letra.
A meu ver, é importante analisarmos erros no idioma, algumas vezes até dá para passar (infelizmente); o pior e mais grave é o erro teológico.
Desde a antiguidade
Ainda não se viu, ainda não se ouviu
Desde a antiguidade
Ainda não se viu, ainda não se ouviu
Um Deus que trabalha
Por aqueles que Nele esperam
Um Deus que trabalha
Por aqueles que Nele esperam
1) Erro de português:
Desde a antiguidade ainda não se viu, ainda não se ouviu – nessa sequência, teria que ter o acréscimo de uma palavra como: sobre
Sem essa palavra acrescida o ideal seria a frase invertida: Desde a antiguidade ainda não se ouviu, ainda não se viu.
Mesmo assim continua o erro teológico.
2) Erro de teológico:
"Desde a antiguidade ainda não se viu, ainda não se ouviu um Deus que trabalha por aqueles que n’Ele esperam",
Como assim? Desde a antiguidade ninguém ouviu falar de um Deus que trabalha por aqueles que nele esperam? A Bíblia há muito tempo já fala! Se ninguém nunca ouviu sobre esse Deus, então eu (incluído no ninguém) também não, o que estou fazendo aqui na igreja? Mas eu pessoalmente, já ouvi falar desse Deus que trabalha por aqueles que n’Ele esperam, então é mentirosa a afirmação de que ainda não se ouviu falar desse Deus..., mesmo que seja desde a antiguidade, e desde a qualquer tempo.
Poderia ter, ao invés de usar a palavra “um” antes de “Deus”, ter usado a palavra “outro”. Aí teria sentido/nexo para nós, cristãos. Ou ainda, se mantida a palavra “um”, ter acrescido a frase “como nosso Deus” , “além de ti”, ou frase semelhante.
3) Erro de interpretação:
Achar que não foi bem assim que ele quiz dizer pode até ser, mas o que o compositor escreveu: é que “Desde a antiguidade , ainda... “
Exemplo: Posso dizer até afirmar que algo é leite (objetivo). Mas fica a cargo da interpretação imaginar/deduzir ( se não experimentei) se é leite humano, de vaca, de cabra ou de qualquer outro mamífero; Se está quente, morno, frio, coalhado, podre, etc (subjetivo).
A mesma coisa é dizer claramente algo (objetivo) e querer que os outros interpretam o que ele quiz dizer,de forma contrária, aí então afirmar que o que disse está correto.
Minha Conclusão.
Esta semana achei um texto muito interessante, com o título “ Versículos que não existem” e cita muitos exemplos, alterando pequenos “detalhes”, as pessoas usam para introduzir, manipular e dar argumentações as mais variadas correntes teologias modernas.
Com certeza esta música foi baseada em Isaías 64.4. “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com olhos se viu um Deus além de ti que trabalhe para aquele que nele espera” essa é a versão da minha Bíblia. Outra diz: “Desde os tempos antigos ninguém ouviu, nenhum ouvido percebeu, e olho nenhum viu outro Deus, além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam” . Por causa da supessão de uma palavra na música, alterou todo o sentido.
Notemos que é usada a palavra além. Além disso, a ordem no versículo está diferente – primeiro se ouviu, depois se viu. A inversão deu origem ao erro de português.
No vídeo que vi, durante a música, o Fenandinho afirma: “queremos estar nas suas mãos” Ok! tudo certo! Mas se ele ainda não viu, nem ouviu falar de um Deus..., como ele pode querer estar nas mãos...
Já finalizando de cantar, pergunta: quantos podemos dizer isso nesta noite?
Eu é que pergunto: como é que nós podemos afirmar tal coisa da letra???
Abaixo o endereço do video:
https://letras.terra.com.br/fernandinho/603917/